segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Inversão inadmissível!

Algo que é sempre motivo de muitas discussões é a questão do que é público e do que é privado. Algumas definições de público nos dizem: “Aquilo que seja de uso comum e posse coletiva”; “Que pode ser utilizado por todos”; “Que se refere ao povo em geral”. Sendo assim, entendo que o que é público, é do povo. O que é público é das massas e é também daqueles que tiverem interesse e necessidade de usufruir desse “espaço público”.

Então, poderíamos chamar as Universidades Federais e Estaduais de Universidades Públicas? Todos os que necessitam, tem acesso a elas? Quem ocupa as cadeiras das “Universidades Públicas” é a grande maioria? Entendo que não!


A universidade pública diferentemente dos hospitais públicos, das escolas públicas, das creches públicas e da segurança pública, é procurada pela sociedade de modo geral, tanto pela classe rica, como pela classe pobre. Dentro da Universidade, as precariedades existentes são bem menores que nos outros espaços públicos citados anteriormente.


Eis o dilema! O pré-vestibulando que pertence à classe mais elevada e, que sempre teve educação fundamental e média privada, plano de saúde privado impecável, transporte particular de seus pais, almeja ingressar na universidade pública, concorrendo “democraticamente” com o pré-vestibulando pobre que pegou ônibus lotado a vida toda para ir até a escola pública e que por muitas vezes saiu de casa sem tomar café da manhã devido as suas condições, que perdeu muitos dias de aula de uma educação defasada por estar doente e sem atendimento, pois o posto de saúde não tem mais vaga para ele. Aos dois é entregue a mesma prova. O contraste da bagagem intelectual e física desses dois é demasiadamente notável e quem sairá melhor já sabemos.

É nesse momento que surge uma inversão inadmissível. Aquele que teve sempre a educação pública ruim vai ter que pagar uma faculdade privada se quiser fazer algum curso superior. Esse vai ter que trabalhar o dia todo e ir às aulas pela noite. Enquanto o outro que tem as condições objetivas, fica com a vaga. Quem passou a vida toda cheio de limitações por depender do que era público, tem que recorrer ao privado para não ficar parado no tempo e ser menos esmagado por outros setores de nossa sociedade.

Essas são as contradições em que vivemos. Essas coisas sem sentido lógico é que mantém as desigualdades. E o ditado todo mundo já conhece: “O de cima sempre sobre e o de baixo cada vez mais desce”.

2 comentários:

  1. Concordo plenamente com suas palavras. Ao meu ver, para que não ocorra diferenças intelectuais entre alunos da rede pública e da particular na hora do vestibular ou do ENEM,a mudança que deve ser feita na educação não cabe às Universidades, mas sim aos colégios de ensino infantil, fundamental e médio da rede pública. Entretanto, como sabemos, o investimento na educação pública não é o forte do nosso país, fazendo assim, que ainda haja a Lei de cota, uma velha desculpa usada por nossos governantes para não investir e melhorar a educação da rede pública. Se mais investimentos fossem feitos nessa área, não haveria tamanha diferença entre uma escola pública e uma particular, todos teriam a mesma capacidade intelectual e não seria necessário usar a Lei de cota; quem sabe até as escolas públicas ganhassem mais valor como podemos ver em outros países. E essa falta de investimento, podemos ter certeza, que não é falta de dinheiro, pois todos nós pagamos altíssimas taxas de imposto todos os dias. Não podemos esquecer que também deve ser feita uma valorização maior do professor público por parte do governo, ou seja, um salário mais justo, até porque, a base de todas as profissões está nessa profissão tão brilhante que é a do professor. Enfim,o que falta na educação pública do Brasil é justiça e respeito à todos que precisam dela. Ops: Só para deixar bem claro: não sou contra a Lei de cotas, até porque os alunos não têm culpa da forma com que a educação é tratada. Apenas acho que ela não seria necessária se fossem feitos os devidos investimentos na educação pública.

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  2. Parabén pelo post.

    Prof.Ms. Wanderlei Gomes

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