Natan Barbosa
Vivemos
em um estado democrático burguês e, dentro dele, podemos desfrutar de algumas
“regalias” como, por exemplo, participar do processo eleitoral. A partir dos 16
anos, se quiser, o sujeito pode emitir o seu título de eleitor e ter direito a
votar. Ou seja, pode escolher que chicotes irão lhe açoitar.
Vemos muitos tipos de títulos, e de
cabeça podemos nos lembrar de alguns, como os obtidos em concursos de beleza,
em disputas esportivas, em consagrações religiosas, em colações acadêmicas,
etc. Mas o título de eleitor, o que será que ele representa para as pessoas que
o possuem? Que vantagens você consegue obter através desse título? Em que
aspecto é positivo esse documento? Já dizia a minha avó: se voto mudasse alguma coisa, seria proibido.
Particularmente, não sou um dos que mais defendem a bandeira da
institucionalidade. Não vejo grandes vitórias com aprovações de leis ou com
algumas melhorias paliativas, dentro desse sistema, por mais que eu compreenda
o seu grau, de maior ou menor importância. É muito complicado para mim, aceitar
e legitimar a desigualdade, as injustiças, os preconceitos, tendo uma visão
meramente legal da situação, pois sei que a grande maioria que está nesses
espaços, procura frear as reivindicações populares, alegando que as melhorias
virão a partir do caminho institucional e desviam as atenções do foco principal.
Enquanto isso, eles vão obtendo benesses e polpudas vantagens.
Então o que fazer com o título? Rasgá-lo
isoladamente e não dar nenhuma resposta mais efetiva para as questões que estão
colocadas? Não! Admito que vivemos em um deserto, escasso de “água boa” para se
beber, porém existem pessoas comprometidas com a luta do povo, ainda há aqueles
que se posicionam diferente. Ainda permeia em algumas agremiações, uma dedicação
e empenho em defender os interesses históricos dos trabalhadores. Talvez, a
aposta nesses últimos, seja a única utilidade para esse título.