Muita
gente conhece o famoso ditado: “Mais
vale perder os anéis, do que um dos dedos”. Esse velho ensinamento nos
mostra de forma didática e simples, uma tática madura e bem avançada. Em muitas
ocasiões é necessário usar de tal método, pois quando é certo que iremos perder
algo, tratamos logo de pensar em como perder o mínimo possível.
Por
exemplo, suponhamos que um estudante está caminhando até sua escola. Durante o
percurso, ele se depara com um assaltante que aponta uma arma de fogo para a
sua cabeça e impõe que ele lhe entregue todos os seus pertences imediatamente.
O que poderá o estudante fazer? O mais lógico seria fazer o que o assaltante
“pede”, pois caso contrário, ele poderá vir a puxar o gatilho da arma,
assassinando assim a vítima do assalto. Se o estudante tomar essa medida,
lógico, perderá de alguma forma (carteira, celular, dinheiro, etc). No entanto,
ele resguardou um bem muito mais valioso, a sua vida.
Temos
diversos exemplos dessa mesma natureza, onde se escolhe “DAR” o mínimo para que
se preserve algo de maior relevância.
Fala-se bastante sobre o Prouni (Programa Universidade para
Todos) e sobre o Fies (Financiamento de Estudantes do Ensino Superior) como
coisas cruciais para os cidadãos, “dadas” pelo governo. Primeiro, precisamos
ter claro que nada é dado pelo governo, nada é de graça. O dinheiro gasto pelo
governo vem do trabalhador, recolhido desde os impostos formais e anuais, aos
impostos que estão contidos nas mercadorias que são compradas todos os dias por
nós. O dinheiro faz apenas um curto passeio na carteira do proletariado por
volta do dia trinta de cada mês. Portanto, a bem da verdade, devemos saber: Os
governantes não nos dão nada de bom. Segundo, esses mecanismos “dados” ao povo,
só servem de manobra política, evitando a cobrança por mais vagas nas
Universidades Federais e Estaduais. Como eles não conseguem atender as demandas
da população, pois não é de seu interesse atender a essas, enganam o povo
dizendo que agora existem mais possibilidades de ingressar nas Universidades,
sem falar da grande farsa que é o Enem. O que precisamos entender é que eles
usam esses subterfúgios para não “DAR” resposta real ao problema. Ou seja, eles dão para não dar.
Quando se fala em aumento salarial, o ditado prevalece coeso
e os Capitalistas o conhecem muito bem. Eles dão apenas míseras migalhas,
aumentos mínimos e desrespeitosos com os profissionais. Dão apenas o necessário
para conter as insatisfações mais intensas e as greves ostensivas. No
congresso, são votadas propostas onde uma parte defende a bandeira 6 e a outra parte
reivindica meia dúzia. Na essência, nenhuma delas é agradável para a grande
massa. O salário mínimo, chama-se assim, não por seu valor ser o mínimo
necessário para atender as necessidades básicas e o bem estar social. Ele é
chamado de salário mínimo, por que é, na prática, a menor quantia dentro da
legalidade burguesa que o grande patrão pode oferecer ao trabalhador. Tenha a
certeza absoluta de que na lógica capitalista, da busca incessante pelo lucro, se
eles pudessem “dar” menos, dariam. Ou seja, os aumentos salariais, não são um
presente. Eles só dão, para não dar.
Natanael
Barbosa